NINO:
FRAKNOI escreveu a seguir:
“Por que o momento do nascimento, e não o da concepção, é crucial para a Astrologia?
A Astrologia parece ser científica para algumas pessoas porque o horóscopo é baseado em um dado exato: a hora do nascimento. Quando a Astrologia foi estabelecida há muito tempo, o momento do nascimento era considerado o mágico momento da criação da vida. Mas hoje sabemos que o nascimento é apenas o final de nove meses de desenvolvimento contínuo dentro do ventre da mãe. Na verdade, cientistas acreditam hoje que muitos aspectos da personalidade da criança são estabelecidos bem antes do nascimento.
Suspeitamos que a razão pela qual os astrólogos ainda consideram a hora do nascimento tem pouco a ver com a teoria astrológica. Quase todos os clientes sabem quando nasceram, mas é difícil — e talvez embaraçoso — identificar o momento exato da concepção.”
(pausa breve, provocador)
E então, Siderato... ele tem um ponto, não? Se a vida começa na concepção — por que a Astrologia não começa ali também?
SIDERATO:
(sorri com leveza, como quem acolhe a pergunta)
Ah, Nino...esta pergunta de Fraknoi é luminosa — e toca o âmago da questão.
De fato, a vida não começa quando o bebê sai do corpo da mãe.
Biologicamente, a concepção é o verdadeiro início:
é ali que o princípio vital se acende,
que a alma começa a desenhar seu corpo,
que o invisível se prepara para nascer.
NINO:
Este mapa da concepção podemos chamar de pré natal?
SIDERATO:
Exato. O mapa do céu de nascimento, o bebe já está pronto para viver fora da mãe O nascimento da criança é outro tipo de começo.
É quando o que era potência se torna presença.
É o instante em que o ser deixa o reino das águas e emerge para o ar —
da sombra para a luz,
do silêncio para o som,
do ventre para o mundo.
NINO:
Nos nascidos em hospital o protocolo é anotar a hora em que o bebê sai do corpo da mãe?
SIDERATO:
O protocolo médico do parto — veja que curioso —
define o nascimento como o momento em que o bebê sai por completo do corpo da mãe,
quando inicia a vida independente.
E nesse ponto, ciência e símbolo coincidem perfeitamente:
porque é ali que o ser respira, reage, se torna corpo autônomo.
É o primeiro instante em que participa das forças planetárias —
da gravidade, da luz, do som, do tempo.
Astrologicamente, esse instante é sagrado.
É o que chamamos de Ascendente:
a “porta de entrada” literal do ser no mundo visível.
Antes disso, tudo é germinação —
um campo de possibilidades, não ainda de expressão.
Mas ao nascer, o “eu” atravessa o limiar,
e o céu, como um espelho, registra a sua chegada.
Por isso o mapa natal é o retrato da manifestação,
o selo do instante em que a consciência encarna no teatro da Terra.
NINO:
Mas existem astrólogos que estudam e consideram o mapa da concepção?
SIDERATO:
(pausa — olha para Nino)
Há, sim, astrólogos que olham também para a origem invisível.
Homens como John Willner, Marc Edmund Jones e Carl Payne Tobey.
Eles desenvolveram métodos para calcular o chamado mapa da concepção,
retrocedendo cerca de 266 dias antes do nascimento,
ajustando o cálculo conforme o ciclo lunar e o tempo gestacional.
Para eles, esse mapa mostra o plano espiritual da encarnação,
a semente da alma, o desígnio invisível.
Enquanto o mapa natal revela como essa semente se desdobra na experiência terrena.
NINO:
a astróloga Eunice Santos comenta:
Eu uso o Método astrológico de Sepharial...
Há entre ambos um arco sagrado —
concepção como causa invisível,
nascimento como manifestação visível.
Raiz e flor.
Promessa e revelação.
A Astrologia, Nino, trabalha com o instante em que o campo do ser
se alinha pela primeira vez com o campo do mundo.
É o primeiro fôlego sob o céu,
o ponto em que o relógio cósmico se fixa.
Não é que ignoremos o mistério da concepção —
é que começamos a lê-lo no momento em que a luz o revela.
NINO:
(olhando para cima, pensativo)
Então o mapa da concepção seria... o roteiro invisível,
e o mapa do nascimento, a estreia no palco?
SIDERATO:
(exatamente, com um gesto amplo)
Sim!
A concepção é o ensaio secreto da alma —
o nascimento, sua primeira cena sob os refletores do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário